As Quatro Meninas

 Lili, a cachorra.

Manu, a criança.

Malu, a cachorra.

Maluca, a Ana!!

Manu é a que canta,

Malu é a que manca

e a Ana carrega

Lili em sua anca!

Lili que ulula

com a Lua na nuca,

Manu e Malu

ficam lelé da cuca!!

...e chega o Peludo,

o rei da matilha,

ajeita as gurias

pra dançar quadrilha!

Corpo Presente

O que fazia escrever, o que fazia soar, o que fazia sentir, o ninar, o familiar, o calor, o querer, o pertencer, todo um ser que não é mais. 

Ou tão outro, que não mais é.

Corpo presente, sem sentido.

Onde está a garra, o tão fácil, o colorido, o preenchimento, a beleza?

Sensação de que o filme acabou e todos vão embora nos ainda vários minutos de créditos.

Para quê créditos?

E tu ficas ali.

De corpo presente.

Novelos

Fios de gente tecem meu formar.

Inacabada sou,

 com inúmeros detalhes.

Esses novelos se acabam com o passar dos tempos.

Minha dor, felicidade e gratidão permanecem,

até que desbotarão 

e sumirão

junto com o eu novelo. 

Cadê eu, na quarentena?

 Caquinhos de um mosaico

a filha, ex-filha, mãe, irmã, esposa

espalhados por cada aroma e cor de um vasto terreno imaginário.

Música, Pedagogia, Biologia, Agronomia, Veterinária, Psicologia.

Afazeres de casa.

Compreensão, análise.

Organização, reorganização, satisfação e insatisfação. 

Infindável e aparente dicotomia,

desapego do que vem a se tornar tu.

Corrida do imaginário contra

tua própria criação.

Preciso mesmo ser uma, no meio de tantas opções? 

Se eu não sou uma, não posso ajudar a formar um todo.

  

Caminhada

Esta noite dormi com a persiana aberta.
Acordei cedinho com uma caturrita faceira, comendo nésperas e cantando, na árvore pertinho da janela, enquanto o sol se espreguiçava e batia com seus raios nos prédios mais altos.

De manhã caminhei durante 1h e 15min, atravessando parte da cidade, e todos os sentimentos passaram por mim.

Muito feliz! Foi bom sentir os 18ºC da primavera, ouvir os bichinhos cantando, comer cerejinhas e pitangas nas árvores, esticar as pernas, olhar as belezas da cidade.

Muito triste e raivosa quando não consegui ouvir meio minuto que fosse de sossego, mesmo nas ruazinhas pequenas da cidade. De, a cada quadra, ter uma M de um prédio monstro sendo construído, tirando o sol de um monte de gente, plantas e bichos. De ver o desrespeito e desespero das pessoas dentro dos carros, que quase atropelam pedestres nas faixas de segurança, de perceber como estamos todos doentes!!

Sorri quando vi casas de madeiras que sobrevivem bravamente nos bairros Petrópolis e Auxiliadora! Quando passei por vários colégios estaduais e vi crianças que os freqüentam. Essas pessoas, talvez por estilo de vida, talvez por falta de condições, talvez por ideal... com certeza estão menos doentes do que nós!!

:S

Bom dia a todos!

encontro

Tocava sua música, fazia sua barba, observava e vivia intensamente o início de sua adultêz na idade sideral, enquanto aqui nascia uma pequena Ana na margem da descoberta de seu espaço. Enquanto eu jogava taco na calçada e aprendia a fazer contas de multiplicação, no tempo em que as casas não tinham grades e os carros passavam de meia em meia hora na rua, ele aparece neste mundo destinado a usar uma roupagem de Peter Pan. Deu-se, finalmente, a soma louca dessas experiências, figurinos e desafios. O resultado ainda não se sabe, mas um momento muito rico e bonito está acontecendo. Em meio a isso, o desejo de que se encontre um ponto de equilíbrio e uma extensa vibração se propague por simpatia. Enquanto isso a gente sorri.

zumm

Hoje, um dia de sensação passiva da vida.
Vazio de ânimo. Vazio de existência.
Solidão.
Lembrança de desejos de como é bom ter uma vida.
Lembrança apática. Vontade apática.
Come, dorme, acorda, arruma a casa e compromissos.
Calos nos cotovelos de olhar tudo passar, debruçada na janela.
Tanto faz.
Passou, passa, passará.