quinta-feira, 27 de março de 2008

Erik

Um dia eu ouvi que meu irmão/paizão não seria mais o "meu" pai, mas sim pai do filho dele que vinha vindo aí.
Coisa estranha... Aí vem mais uma geração!
E logo veio um menino loirinho, quietinho, que conquistou toda a família.
Filho único, sobrinho único, neto único, primo único e bisneto único... Mimado, lambido e amado por todos.
Tinha umas manias esquisitas de chamar de "maiúca" a tia que imitava macaco pra ele ficar faceiro. Chegava e saía sem dar oi nem tchau. Ouvia o que queria ouvir e respondia o que queria responder.
Uma época se grudou a tocar flauta-doce e ficava por todos os cantos musicando por aí, para a felicidade da Ana, que jurava que ele estava entrando pra história da 5ª geração de músicos da família.
Depois veio a fase que ainda permanece, a do computador. Guri tri "expert", achamos que vai acabar no ramo, como seu tio Kiko.
Sempre muito quietinho, na dele.

Esse guri que antes era pequerrucho e arredio, tá um gurizão querido que aos pouquinhos, sem muito estardalhaço, vem se aproximando pra fazer uns cafunés na gente.
Esse guri que antes era um piá, está cada vez maior e grandão.
Esse guri que antes era meu sobrinho, agora é meu sobrão.

O Erik fez 15 anos na semana passada.

Parabéns, meu lindo!! Que tu sejas muito feliz!!

terça-feira, 25 de março de 2008

Quem está lá?

Os passarinhos estavam acabando com a horta.
Numa sala abandonada da UFRGS tinha um manequim.
Manequim abandonado, mais passarinhos danados, igual a espantalho!

Mas este manequim está muito detonado. Vamos dar um trato.

E coloca calça, camiseta... um par de tênis. Que tal uma peruca?
Essa peruca está feia, vamos colocar um chapéu por cima! Aqui tem uns colares sobrando. Ai, que chique! Vamos então deixá-la menos desbotada... unhas pintadas, batonzinho, sombra...

Agora um nome. Que nome?
Luci.

Ah... mas a Luci não vai pro meio da horta, coisa nenhuma! Vai adoecer!
Ela está sentada na parte de baixo da casa, espantando todos os humanos que não se dão conta de que ela é um manequim.

Ela me assusta toda santa vez que desço as escadas da casa do sítio!!

Ai, Luci!!!

terça-feira, 18 de março de 2008

ensaio fantasma

Durante o ensaio, conversa vai, conversa vem...
Brincadeiras, discussões, passagens, bobagens, músicas fora do repertório e várias historinhas.
E, claro, também ensaiamos as músicas que nos propomos a ensaiar.

Num ensaio recente a pauta era a respeito de experiências narradas no livro "Alucinações Musicais" de Oliver Sacks. Não sei se o que aconteceu está no livro ou foi um desenvolvimento da discussão. Fato é que estava sendo dito que o estudo mental de alguma passagem musical era tão proveitoso quanto o estudo físico.

Então o chefe resolveu tirar a prova: contou "3, 4" e entrou mexendo dedos em cima do teclado sem tocá-lo e cantando sem emitir som. E entrou bateirista, e entrou baixista, guitarrista...

A galera ainda se presta!

Até que o guitarrista tinha que entrar no "backing vocal" e achou aquilo um pouco surreal, pondo fim a uma experiência inesquecível.

Seis pessoas num estúdio, mexendo dedos e bocas sem emitir som nenhum, todas imaginando o que estaria saíndo dalí, a um ritmo já transformado em ritmo interno individual...

Ainda verei muita coisa nessa vida!

segunda-feira, 17 de março de 2008

Fato verídico

Estava escrito em uma placa, em Santa Catarina:


"Vende peixe-se"

Bzzz II

Essa história de suco de laranja sem uva me lembrou uma pérola que meu irmão vivenciou num certo lugar de lógica peculiar.

Ao pedir numa lancheria um "xis" sem maionese, eis que a garçonete responde:

-"Maionese está em falta... poderia ser sem manteiga?"

Bzzz

Eu, acostumada a pedir um "suco de laranja sem gelo" em qualquer restaurante que vou, olhei para o copo de suco rosado do vizinho da mesa ao lado e me influenciei. Resolvi que iria variar meu pedido. Então a mente foi pra um lado e a boca pro outro! Acabei dizendo:

-"Para mim um suco de laranja sem uva!"

quarta-feira, 12 de março de 2008

Hidroginástica

Enfim, depois de muito lutar contra minha preguiça, de tanto meu joelho reclamar e de tanto os médicos me recomendarem um esporte, ontem fiz minha primeira aula de hidroginástica.

Maiô, touca de silicone e eu numa aula de hidroginástica.
Difícil de visualizar?!
Juro que foi uma cena muito bizarra.
Espero que eu consiga ter persistência.

Minha mãe rindo da minha cara:
"Eu, ein? Só dá velhinhas fazendo hidro... aquelas velhinhas com incontinência urinária... Bleargs!"

Baita estímulo!!

Mas o pior foi a música!!
Aquilo foi uma afronta para meus dotes musicais! O professor, do lado de fora da piscina, demonstrava tudo com um entusiasmo, fazendo os exercícios todos super ágeis, na mínima subdivisão possível!

-"Vamos lá, gente! Ânimo! No ritmo!"

Que ritmo?!?!
A água não me permitia movimento algum que fosse próximo de qualquer ritmo da música!!
Me senti numa leseira!
Por que não tiram aquela poluição sonora e deixam a gente contar cada um na sua?!?

Enfim saí toda faceira, com aquela sensação de que tinha mexido meu tecido adiposo por toda a última década. Já estava pronta para mais uma temporada de descanso! Estava me sentindo uma atleta e tanto! Que orgulho!

Sonha, Ana Paula! Amanhã tu tens aula de novo!!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Filosofias

Chega a madrugada e eu, ao invés de me entregar a Morfeu, começo a viajar.
Hora de escovar os dentes.
Uma imagem vai se formando em minha mente e ela explica exatamente uma conclusão a que cheguei, após matutar e filosofar.
Não fosse o fato de que cheguei também à conclusão de que não sei externar em palavras a minha imagem.

Fui tentar explicar para a Lady Ka:

me: na real eu tô visualizando uma coisa que eu não sei transpor em palavras... o "laranja X vermelho" foi uma tentativa, mas ficou incompleto.
Tô visualizando algo como:
imagina uma pessoa grande segurando um espelho quase do seu tamanho na sua frente, voltado pra mim.
4:39 AM Eu olho pra essa pessoa (grande) e vejo só o que reflete no espelho.
Sendo que esse reflexo (no caso meu), também é parte da outra pessoa.
Conseguiste visualizar?
4:40 AM estou viajando muito?
eu tenho claro o que eu tô falando, mas não consigo externar!!
grrrrr

4:41 AM Lady Ka: nossa

me: Pela primeira vez eu consegui fazer duma filosofia um quadro e não o contrário. Normalmente a gente analisa um quadro e vê o que ele tá querendo dizer.
Bah! Me senti uma artista plástica, pela primeira vez na vida!!


Lady fez exatamente a mesma pergunta que minha mãe fez ao Dini, ao ver sua garatuja (vide post anterior). Porém não pude ser tão finória e objetiva quanto meu irmão.

Garatuja

Dini era um filhote de gente, ainda bem pequerruchinho.
Certo dia lá estava ele compenetrado a desenhar com lápis colorido em uma folha branquinha de papel.
Depois da arte pronta, vai o piá mostrar seu feito para a mãe.

-"Que lindo, filho! O que quer dizer?"

-"Mãe! Não tá vendo que é um monte de rabisco?!"

domingo, 9 de março de 2008

laranja X vermelho

Uma vez, há mais ou menos 30 anos, me disseram que aquilo era cor de laranja.
Registrei que aquilo que eu estava vendo era laranja.
Era cor de laranja.
A partir daquela informação, pude chegar às minhas conclusões quanto ao que era laranja e suas variantes, dentro do que eu enxergava. E aquilo passou a se tornar a minha verdade.

Na época do colégio surgiu uma discussão boba, que perdura até os dias de hoje, quanto à cor dos taxis de Porto Alegre. Uns diziam que é cor de laranja, outros que é vermelho.
Na ocasião fiquei muito braba, pois insistiam em dizer que a minha verdade não era verdade.
Como não?!?
A vida inteira aquilo foi cor de laranja!! Ora bolas!

Depois descobri que existem pessoas daltônicas (o que não é o meu caso). E que a minha verdade não passa nem perto da delas, ou a delas da minha. E fiquei curiosa, mas quietinha com minha verdade.

Então descobri que querer discutir as verdades de cada um, muitas vezes, apenas leva a discórdias.

Às vezes tenho vontade de contestar, afinal, é difícil de aceitar que aquela cor poderia ser vermelha...
Mas para que estressar?

Eu vejo os taxis laranjas e tu os vês vermelhos. Mas, independente da cor, eles nos levam de um lugar pra outro. Independente da cor, nós dois podemos pegar o mesmo taxi (de cores diferentes) e ir juntos deste lugar para outro.

Onde está o amor?




Não resisti e postei aqui a propaganda do nosso show do dia 19.03.

Afinal, este trabalho me rende muitos momentos felizes. Tudo bem que já rendeu muita dor de cabeça também... mas o que é 100% perfeito, né?
Depois da nossa temporadinha de setembro do ano passado no TSP, agora teremos, aos mesmos moldes, mais esta data no teatro do Bourbon Country. Foi um espetáculo muito bonito, bom de tocar e, deduzo, bom de assistir. Tivemos casa lotadérrima e muitos elogios. E fiquei muito, muito contente!!

Então só para encerrar, quero citar a galerinha que estará no palco:

Nico Nicolaiewsky - voz e teclado
Leonardo Boff - teclado
Maurício Nader - guitarra, violão, baixo elétrico, trompete, vocal
Luciano Albo - guitarra, violão, baixo elétrico, vocal
Diego Silveira - bateria, vocal
Aninha Freire - contrabaixo acústico

maiores informações:

http://www.teatrodobourboncountry.com.br/

Vão lá, vão lá, vão lá!!

Eeeeeee!!

Sim

Definitivamente sou uma pessoa nostálgica.

Essa semana que passou foi uma semana agitada, com muitas retomadas, com muitos acontecimentos importantes e várias atividades. Foi uma semana bonita. Foi uma semana em que me ausentei de mim mesma. Estava fragilizada, curiosa, medrosa, forte, pensativa, ativa.
Venci.

E hoje a recompensa: depois de um dia de sensação térmica de 36°C, saí perto da hora de o sol se pôr e lá estava, no portão de saída do estacionamento, um tapete laranja luminoso que fazia desenhar no chão a sombra do meu carro.
Andei vagarosamente pelas ruas do bairro.

Moro num distrito industrial. No fim do dia de um final de semana, as poucas casas de famílias humildes se sobressaem entre as fábricas repousantes. Crianças brincam na rua, famílias vão com suas cadeiras para as calçadas e se põem a tomar chimarrão e a prosear. Os carros são escassos.

Um pai voltava com um caniço na mão, o filho com um balde e, talvez, alguns peixinhos pescados no Guaíba, perto da ponte móvel.
Os raios laranjas do sol dobravam as esquinas das ruas onde eu passava lentamente até chegar na estrada que leva ao centro da cidade.
Ali carros em alta velocidade.

Acabou uma boa sensação. Senti então que aquilo era nostalgia.

domingo, 2 de março de 2008

Auto-retrato

chegar e partir

Há todo um ritual nessas duas palavrinhas.

Chegar a um desconhecido e não saber o que esperar. Chegar onde foi depositado mundos de esperanças e fantasias. Chegar em casa, depois de uma temporada fora dela. Chegar num lugar indesejado. Chegar sozinho.

Partir em um final de férias. Partir de um lugar saturado de eventos bons ou ruins. Partir para nunca mais voltar. Partir desta para melhor. Partir em busca de sonhos.

O simples fato de estar presente em qualquer das situações, de braços abertos para os que chegam e com um abraço de "foi muito bom estar contigo" para os que vão, me deixa satisfeita por poder proporcionar o mínimo de aconchego às pessoas que por isso passam e por quem eu quero bem.