terça-feira, 24 de novembro de 2009

Então por quê?

Meu tempo se estanca enquanto se esvai ao viver os sonhos teus.
Privo-me de minhas construções, no vício sedutor de tua sensibilidade.
Supro-me de felicidade efêmera.
Ressaca moral.
Onde estou eu?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

...

Lateral
Espectador
Proximidade
Beleza e belo
Um mundo imenso no ínfimo
Quadro eterno

Bonito

Como diria minha amiga Cla, "os pintores de céu, hoje estão inspirados!".
O dia tá friozão... belo inverno na primavera!
Os cheiros estão distintos e maravilhosos.
A cidade toda branquinha e rosada das patas-de-vaca.
O cérebro a milhão.
Os sentimentos bons.
Ansiedade de belezas.

Feliz.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

sem título

Sensibilidade.
Música que aguça os sentidos epiteliais.
Onda que age sedutoramente e
invade contumaz a fantasia.
Vontade.
Desejo amoral de fusão.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Segunda parte

Aqui neste exato ponto, vivi todos os teus dias.

Daqui para frente o ser te é novo, pois não foste.

Tomando-te de parâmetro, nasço para minha segunda parte.

Professor, cresço o que poderias.

Pai, agradeço pelo meu eu.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Dona Irma

Perto de completar seus 92 anos, vovó adormece fraquinha, fraquinha no quarto do Hospital São Lucas. Insuficiência cardíaca e água no pulmão.

Apesar de tudo, ela está bem. Esquecida, fala pouquinho, mas não deixa de lado suas manias: coberta esticadinha sem ser dupla, só nos pés. Pés sem meias, lençol cobrindo tudinho e mão agarrada a ele.
Volta e meia abre um olho e pergunta "Que horas são?"
Confunde todos os famliares e esquece quem eles são. Vai fazendo um esforço e, lá pelas tantas, solta um "Ich liebe Dich!" ou "Eu fui muito feliz, que vocês também busquem sempre a felicidade!"

Eu e Dini chegamos ao hospital e Dadá perguntou "E esses, são filhos de quem?" - Ela toda sem noção, mas sem perder a oportunidade, responde "Da mãe!" e dá uma risadinha.

Entre sono e mais sono é acordada pelas filhas barulhentas que a bombardeiam com perguntas e ordens, fazendo a velhinha colocar o cérebro e o corpo a funcionar.

Ontem mostrou todas suas gracinhas com brincadeiras de mãos, de coordenação, mexeu nariz e fez caretas. Quando percebeu que eu a imitava, comentou faceira "Puxou a mim!".

Vovozinha frágil. Uma pessoínha pequena, encolhida e debilitada com a idade, evidenciando que muito já viveu, muito já ganhou e muito já perdeu e, a qualquer momento, se vai ao tão esperado encontro com seu marido Walter, de quem tem hoje apenas maravilhosas lembranças.

Vovozinha Irma. Uma pessoa tão próxima e tão distante. Pra mim, um mundo estereotipado e transformado por informações e tradições familiares. Há tempos uma pessoa não mais lúcida. O que será que se passou na vida dela? Quem é essa mulher com quem nunca consegui ter uma conversa mais íntima e que, de mais íntimo, existo a partir dela!?!

domingo, 21 de junho de 2009

Publicidade

Tá... o cartaz não tá tão bonitão quanto o do Mandrica, porém o show promete estar tridilegas!!
Vão lá, vão! Eu estarei cantando, mas tem uma música que eu até tenho um solinho de contrabaixo!
Se quiserem dar mais uma olhadinha a respeito, passem no site:

Beijocas!!

domingo, 31 de maio de 2009

Nhãmm...

A foto não tá das melhores... mas não pude deixar de compartilhar com vocês a vez em que eu realizei um desejo:
lamber o prato onde veio uma maravilhosa torta de sorvete com calda de chocolate, em pleno restaurante!!
Detalhe... não era um restaurante caseiro... me expus em plena calçada da fama, na Tortaria... com o incentivo da dona (que foi quem tirou a foto!), que quase fez o mesmo!
:-)

Tava bom!!!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Liberdade

Pelo menos 48 cores ali me esperam, em formato de lápis.
Eu sei empunhá-los. Mas penso não saber usá-los.
Diariamente olho para as cores e me dá alegria.
Alegria da vida. Alegria do vivo.
Mas o vivo não me pertence, apenas paira ao meu lado, à minha espera:

Vamos, Dona! Faze alguma coisa com teu papel em branco!
Tu, e apenas tu, vais saber o significado das formas e das sensações!
Solta as amarras da crítica, desprende do teu medo, descobre tuas vontades, comete teus erros e belezas!
Tudo é belo, se quiseres.

De nada adianta esconder-te das pessoas porque elas são apenas paisagens.
De nada adianta esconder-te do tempo porque ele não te espera.
De nada adianta esconder-te do medo porque se não o encaras, ficarás toda a vida escondida.

Vai! Empunha a primeira cor e dá o primeiro risco!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Mesa de família

Sábado à tarde chuvoso em Jardim Atlântico.

No centro da mesa, um pote cheio de lápis coloridos, maravilhosos.

Ao redor da mesa, 6 adultos brincavam de colorir, de criar ou apenas curtir tudo isso.

Heca, dona da casa, com seus versos brotando enlouquecidos, escrevia uma nova letra para uma música de Chico Buarque que mereceu um dos prêmios da "XXVIII Barrifórnia da Canção Familiar Barro-pretense".

Paula estudava concentrada em seus livros de Medicina, com lápis a colorir suas informações em destaque.

Dois desenhos foram coletivos. Maria e eu alternamos os riscos, viagens, papéis e cores para criar sem temer interromper a idéia uma da outra. Não podíamos ter medo nem pena de estragar o que já estava feito. Cada traço era uma novidade e dava asas a novas histórias que nunca terminavam, não fosse por nossas barrigas que exigiram o encerramento da atividade para satisfazê-las.

Foi uma experiência supernova pra mim. Nunca tinha brincado de desenhar. Pra não dizer nunca, acho que devo ter feito isso no Jardim de Infância.

Márcia dizia não saber desenhar e fez um desenho supercolorido e bonito. Saiu de fininho, deixou a arte ali e nem disse nada.




Joana era a mais familiarizada... com desenvoltura começou a traçar linhas que se tornaram suaves ondas que foram preenchidas com um colorido intenso. De cada cantinho arredondado surgiam flores, folhas, borboleta e, no meio de toda beleza, uma menina sentada que vivia tudo aquilo com todos os seus sentidos.

Esta menina surgiu para fazer parte da minha vida. Ela me acompanhará em minha casa, todos os dias.

Bem-vinda!




Fora da ordem

Amigos bizarros:
ela um punhado de lápis de cor e sente vontade de comê-los;

ele faz do sorvete uma aquarela.

Preciosos

Se encontram numa sorveteria. Ponderam o que é mais importante dos seus afazeres. Um de nós está de passagem na cidade e temos pouca chance de charlar.
Temos algumas tarefas na rua a cumprir. Ok, vamos todos juntos.
Calor de mais de 30º C. De tardezinha. O que fazemos agora?
Um pulo na piscina do sítio, antes que o sol se ponha.
Uma de nós precisa ir. Outra nos encontra e junta-se a nós.
Ela tem 26 anos, recém, há pouco mais de um ano, fez um implante que a permite escutar.
O sítio está bonito. A água está gostosa. As brincadeiras, divertidas. A companhia, maravilhosa.
"Que som é este?" Pergunta a menina que está descobrindo coisas que até então não tinha ouvido.
E vamos para um mundo de descobertas, onde ouvimos, mostramos, cheiramos, tateamos no escuro para achar o caminho de volta no mato.
Pausa no andar para apenas sentir.
Cigarras, grilos, cachorros, sapos.
Vagalumes, pirilampos, lua crescente, estrelas.
Mãos dadas, segurança, confiança, paz.
Pessoas do bem, pessoas especiais. Momento mágico.
Obrigada! Precisamos repetir!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ócio

Vamos lá... janeiro é hora de colocar tudo em dia, de organizar armários, papeladas, idéias (ainda vou escrever idéia com acento... um dia eu mudo), e tentar ajeitar o máximo de coisas para começar o ano zeradinho.

Chegou a hora dos sapatos!
Sei que é total falta de ter o que fazer alinhá-los e contá-los!! Mas é que eu, como um ser que acha que se veste sempre igual, me surpreendi ao perceber que tenho TRINTA pares de sapatos!!

Tudo bem, em resumo eu poderia dizer que realmente me visto sempre igual, porque tenho sete pares de tênis All Star, alpargatas e pantufa eu só uso em casa, sapato de concerto é preto e nem dá pra notar a diferença entre eles porque ninguém olha, sandália e chinelo eu praticamente não uso e, quando uso, até ouço comentários das pessoas...

Trinta pares... e não vou me desfazer de nenhum, não. Eu uso todos eles. Talvez um chinelo de couro que tem a sola meio dura. Alguém quer? Número 38/39. Tá novinho...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

torpor

dia corrido
gravações pesadas
energia sugada
casa bagunçada
computador lento
vizinho barulhento
presente a ser comprado
formatura de amigo
olhos fechando
cabeça caíndo
pernas formigando
barriga roncando
recepção da formatura
restaurante lotado
acústica bandida
barulho, muito barulho
comida gostosa
barriga cheia
tudo pesando
conversas atordoando
olhos fechados
sono batendo
pessoas vão para longe
cochichos no recinto
desejo de um aconchego
lembranças gostosas
carinho com toque leve
sensação gostosa no braço
sorriso no rosto
vou me chegando
"para beber, mais alguma coisa, senhora?"
garçon me cutucando
acordo num pulo
tava quase no colo dele!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Figurinha!!

Mig é um guri que está prestes a cumprir oito anos. Sempre curtindo nossos ensaios e querendo participar. Musical, talentoso. Assim como lê muitos livros e escreve suas histórias num blog http://www.historiasmiguel.blogspot.com/
o pai adverte "ele já sabe ler partituras, viu?!"

Em cima do armário da casa da mãe, estava pacientemente parado o contrabaixo 1/16 predestinado ao meu filho, que sequer sonha com o dia em que virá à Terra.

Num de nossos ensaios, lá estava Mig com uma curiosidade imensa e a carinha de que aquilo realmente seria uma idéia que poderia ser levada adiante...

Hoje então aconteceu o primeiro encontro dos dois pequenos. Me pareceu um encontro feliz e jeitoso. Espero que daí resulte uma boa amizade!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Concurso

Então tá... só para que a Ka não se sinta tão sozinha no mundo...
Quem de nós aqui, no último ano, já não arranhou disco até não poder mais, pra nós do blog, mesmo!?
Ein, ein?
Quem dá mais?!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Vida boa!

Tínhamos planos de ir à praia. O tempo ficou murrinha. Dormimos até o final da manhã, trabalhamos um pouco em casa, às 18h fizemos almoço e falamos bobagens. Depois vieram as ilustrações do dia, de autoria da nossa querida Nik!

Que língua, a nossa!

Pronto. Eis aqui 2009.
Depois de uma bela festança, onde rimos muito, comemos queijo com linguiça, tomamos muito suco de pera e ouvimos música... acordo tranquilamente, visto uma roupinha leve e vou até a Quintino Bocaiuva comprar um jornalzinho.
Passo na casa do meu irmão para dar comida à cachorra, que pula em mim e me enche de pelos!! Que coisa essa cachorra não para de pular, que coisa bem antissocial!! Sujou toda a minha calça! Ela faz isso frequentemente!! Vou pegar algo emprestado da minha cunhada e só encontro uma minissaia. Minissaia não!! Azar, meio anti-higiênico, mas fico assim mesmo...
Depois de sacudida e espanada, lavo as mãos, pego umas bolachinhas, passo geleia, e coloco um leitinho pra esquentar no micro-ondas.
O dia está meio escuro e dentro de casa mais ainda, então vou pra baixo da claraboia, onde tem mais luz pra eu ficar à vontade e enxergar melhor o panorama do novo ano, no diário.
Começo a ler.
O que era aquilo? Não mais do que umas cinquenta palavras sublinhadas no texto! O que estava acontecendo?! Eu não tinha ideia...
Ah, para! Aquilo começou a me dar um enjoo... Que feiura!! Era a estreia da nova ortografia da língua portuguesa. Eles redigiram sublinhadas todas as palavras que sofreram alterações com a reforma.
Muito joia... Grrrrr!! O que eles tão pensando?! Que tramoia é essa?! Eles não veem que é terrível escrever assim?! Tão achando que a gente é debiloide? Com frequência vem uma sequência de palavras sem acentos! Tristeza...
Justo eu que sou super-romântica e super-resistente, ou melhor, sou ultrarresistente!! Vim cair de paraquedas no meio dessas palavras com caras estranhas!! Eu não apoio isso, não!!
Fui ficando furiosa e comecei a dar pontapés em tudo, quase a ponto de ter que chamar o veterinário pra me dar um antirrábico!! O que eles querem? Isso é antieducativo!! A criatura passa 32 anos aprendendo, corrigindo, escrevendo e se esforçando pra redigir tudo certinho, daí vêm uns boicornetas (será que "boicorneta" tem hífen?!) que mudam tudo de repente e a gente fica como?! Eu me senti uma semianalfabeta!! Agora tenho que aprender tudo de novo!! Eu que já sou há tempos uma ex-
-aluna colegial... isso é subumano!! Não perdoo!!
Não aguento mais isso! Tô ficando paranoica!
Mas agora estou com uma ideia mirabolante! Tô superotimista: vou juntar minhas coisinhas, meu creme antirrugas que comprei no Natal, alguns documentos, algumas roupas quentes, vou pegar o próximo voo e vou tirar umas férias no polo norte. Assim eu fujo deste calor, refresco a cuca e já aproveito a outra cultura pra ver se me torno uma pessoa bilíngue.
Então hoje entendo, dou razão e abençoo minhas vovozinhas que escreviam: "coloque o assúcar e o côco num recipiente junto às outras cousas e estará pronta a sobremesa do almôço."